Combatendo a desigualdade na cidade — Cidade do Cabo
As cidades globais de hoje são caracterizadas por alta desigualdade. Eles precisam de uma governança multinível de apoio para lidar com isso.
Um dos maiores e mais intratáveis problemas enfrentados pelas cidades é a crescente desigualdade intraurbana. Pela maioria das métricas, as cidades sul-africanas estão entre as mais desiguais do mundo.
Embora a desigualdade intraurbana seja multifacetada – manifestada na economia, educação, saúde e forma urbana – os coeficientes de Gini são normalmente usados para medir as desigualdades de renda e consumo. Os valores hipotéticos de limite de Gini de zero e um representariam igualdade total e desigualdade absoluta, respectivamente. Um coeficiente acima de 0,4 é considerado preocupante pelas Nações Unidas. O Estado das Cidades Mundiais 2010/2011 do UN-Habitat: Bridging the Urban Divide observou que as cidades sul-africanas tinham coeficientes de renda variando de 0,69 a 0,75. Por exemplo, o coeficiente estimado da Cidade do Cabo na época era de 0,69; o valor mais recente (para 2021) é 0,63. Embora a tendência seja encorajadora, o nível é inaceitavelmente alto.
A desigualdade urbana na África do Sul foi aprofundada e consolidada pela estrita segregação racial durante a era do apartheid. As leis do apartheid restringiam severamente as opções disponíveis para os residentes urbanos negros, em termos de onde poderiam viver, acesso à educação e saúde e oportunidades econômicas. Por exemplo, o Group Areas Act de 1950 reservou certas áreas para grupos raciais específicos e resultou no despejo forçado de centenas de milhares de residentes negros antes de ser revogado em 1991.
Veja a Cidade do Cabo como exemplo. Fundada em 1652, é a segunda maior cidade da África do Sul, com uma população de mais de 4,7 milhões. As principais dimensões da desigualdade incluem seus altos níveis de pobreza e desemprego.
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O desemprego na Cidade do Cabo tem aumentado, de 18,3% em 2011 para 29% em 2021 (este último número provavelmente exacerbado pela pandemia). A pobreza também é extremamente alta, embora tenha diminuído ligeiramente de 59,8% vivendo abaixo da linha superior da pobreza em 2015 (conforme calculado pela Statistics South Africa, incluindo despesas com alimentos e não-alimentos) para 57,9% em 2021.
Tal como acontece com outras cidades sul-africanas, a Cidade do Cabo é altamente desigual, e sua estrutura espacial geralmente ainda reflete os padrões urbanos do apartheid. A pesquisa de Owen Crankshaw mostra que há contínua alta polarização social e segregação socioeconômica, mas que estas estão cada vez mais ligadas à classe – de modo que a “nova divisão é entre bairros de classe média racialmente misturados, por um lado, e bairros negros da classe trabalhadora”. bairros caracterizados por altos níveis de desemprego, por outro'.
Uma das manifestações mais tangíveis da desigualdade na Cidade do Cabo são os assentamentos informais, que são áreas não planejadas sem abrigo ou infraestrutura adequados. As estimativas variam muito, mas o perfil socioeconômico da cidade do Governo Provincial de Western Cape relata que, de 1.135.000 famílias em 2021, estima-se que 185.000 (14,1%) vivam em assentamentos informais.
A África do Sul tem vários níveis de governo, muitas vezes com funções parcialmente sobrepostas. A Cidade do Cabo foi criada como um município unificado para a área metropolitana em 2000. O Governo Provincial do Cabo Ocidental foi estabelecido pela constituição sul-africana pós-apartheid de 1996.
Esses níveis de governo são obrigados a trabalhar em estreita colaboração uns com os outros e com o governo nacional. Por exemplo, em termos de habitação, o governo nacional define o amplo quadro político, incluindo a concepção do esquema de subsídio habitacional e, em seguida, financia a habitação subsidiada através do governo provincial, sendo o governo local o principal responsável pela implementação da política.